Aline Cardoso Vieira a
Vivian Fischerb
a Doutorandas do Programa de Pós Graduação em Zootecnia da UFRGS.
b Professora Titular do Departamento de Zootecnia da UFRGS, Doutora em Zootecnia.O uso de extratos
vegetais na alimentação do gado leiteiro, na forma de aditivos, tem ganhado
mercado nos últimos anos. As preocupações com o conceito de produção mais
sustentável e livre de substâncias perigosas à saúde humana e também o
bem-estar dos animais estimularam o uso destes extratos.
Muitas plantas sintetizam
esses compostos orgânicos. Dentre os principais podem-se citar os óleos
essenciais, que variam em sua disponibilidade de acordo com a espécie e parte
da planta a qual é extraído. Esses compostos podem ser utilizados tanto na
nutrição quanto nos benefícios a saúde humana e animal.
Durante período de
transição, que compreende 21 dias antes do parto e 21 dias pós
o parto, ocorrem alterações fisiológicas e metabólicas com grande impacto no
sistema imunológico, tornando as vacas leiteiras mais suscetíveis a desenvolver
distúrbios metabólicos e doenças infecciosas (Garro et al., 2014).
Levando em conta todas essas questões, foi conduzido um experimento na Embrapa Clima Temperado, Capão do Leão, Rio Grande do Sul, com o objetivo de avaliar o consumo e comportamento animal e a saúde de 24 vacas Jersey suplementadas com 10 g/dia de extrato de orégano (EO) ou 5 g/dia de chá verde (CV) durante o período de transição.
Figura 1: Vacas consumindo dieta controle ou dietas
com extrato de chá verde e extrato de orégano (A) consumo de silagem; (B)
consumo de concentrado
Entre os principais resultados, os extratos vegetais não influenciaram na ingestão de alimentos antes do parto, mas, após o parto, a suplementação com EO tendeu a aumentar a ingestão em 1,3 kg quando comparado com controle (sem suplemento), e aumentou a taxa de ingestão de concentrado em comparação com CV.
Tabela
1: Médias de consumo de matéria seca e
comportamento alimentar durante o período pré-parto de vacas alimentadas com dieta controle ou dietas
contendo estrato de orégano e extrato de chá verde.
Variaveis2 |
Dietas1 |
EP3 |
P - valores para contraste |
||||
CON |
OE |
CV |
CON x OE |
CON x CV |
OE x CV |
||
CMS (Kg) |
8,0 |
8,4 |
8,1 |
0,3 |
0,27 |
0,81 |
0,41 |
Tempo diário de ruminação (min) |
458,4 |
518,8 |
461,0 |
25,1 |
0,11 |
0,94 |
0,12 |
Tempo diario de ócio (min) |
862,2 |
885,8 |
843,2 |
42,2 |
0,82 |
0,58 |
0,44 |
Tempo diario de atividade (min) |
124,4 |
93,9 |
124,3 |
15,6 |
0,19 |
0,99 |
0,19 |
Tempo diário de pé (min) |
347,3 |
378,4 |
346,5 |
14,9 |
0,15 |
0,97 |
0,16 |
Tempo diario deitada (min) |
54,1 |
24,4 |
62,4 |
13,9 |
0,14 |
0,67 |
0,08 |
Tempo diario gasto no cocho de alimentação (min) |
149,5 |
137,7 |
144,5 |
10,8 |
0,47 |
0,76 |
0,69 |
Tempo gasto consumindo concentrado (min) |
22,7 |
20,0 |
28,6 |
2,8 |
0,51 |
0,15 |
0,05 |
Tempo gasto consumindo silagem (min) |
126,6 |
117,6 |
115,6 |
10,7 |
0,59 |
0,50 |
0,91 |
TCC (g de MS / min) |
0,17 |
0,18 |
0,16 |
0,01 |
0,48 |
0,74 |
0,33 |
TCS (g de MS / min) |
38,0 |
41,5 |
41,7 |
4,5 |
0,48 |
0,60 |
0,89 |
As vacas suplementadas com OE produziram 0,3 kg a mais de
leite, para cada kg de MS ingerida em comparação com o CV. A incidência de
distúrbios metabólicos e doenças infecciosas clínicas e subclínicas foram
semelhantes entre os tratamentos.
Tabela
2: Médias de consumo de matéria seca e
comportamento alimentar durante o pós-parto
de vacas alimentadas com dieta controle ou dietas contendo extrato de orégano e
extrato de chá verde
Variáveis2 |
Dietas1 |
EP3 |
P - valores para contraste |
||||
CON |
EO |
CV |
CON x EO |
CON x CV |
EO x CV |
||
CMS (Kg) |
9,1 |
10,4 |
9,2 |
0,5 |
0,08 |
0,82 |
0,12 |
Produção de leite (Kg) |
16,1 |
18,6 |
13,8 |
0,9 |
0,07 |
0,06 |
<0,01 |
Produção de LEC (Kg) |
16,7 |
19,7 |
14,5 |
1,2 |
0,09 |
0,19 |
<0,01 |
Eficiência de produção de leite (Kg/Kg) |
1,7 |
1,8 |
1,5 |
0,1 |
0,80 |
0,11 |
0,09 |
Eficiência de LEC (Kg / Kg) |
1,9 |
1,9 |
1,7 |
0,3 |
0,87 |
0,35 |
0,31 |
Tempo diário de ruminação (min) |
434,8 |
470,6 |
463,1 |
21,1 |
0,26 |
0,35 |
0,81 |
Tempo diário de ócio (min) |
649,2 |
639,4 |
632,0 |
23,7 |
0,48 |
0,12 |
0,43 |
Tempo diário em atividade (min) |
356,0 |
329,9 |
344,9 |
17,9 |
0,29 |
0,64 |
0,54 |
Tempo diurno em pé (min) |
38,0 |
45,2 |
42,9 |
8,5 |
0,57 |
0,69 |
0,86 |
Tempo diurno deitado (min) |
39,7 |
72,8 |
74,4 |
23,8 |
0,36 |
0,31 |
0,97 |
Tempo diurno gasto pastejando (min) |
309,4 |
274,6 |
271,0 |
18,8 |
0,22 |
0,16 |
0,90 |
Tempo gasto consumindo concentrado (min) |
27,3 |
19,8 |
29,4 |
2,1 |
0,02 |
0,49 |
0,01 |
TCC (g de MS / min) |
0,17 |
0,24 |
0,14 |
0,02 |
0,01 |
0,29 |
<0,01 |
Mensagem para levar pra casa:
Os extratos vegetais não reduziram a ocorrência de doenças e distúrbios
metabólicos, mas influenciaram positivamente nas variáveis de taxa ingestão de alimento,
eficiência alimentar. O extrato de orégano apresentou melhores resultados que o
extrato de chá verde, podendo contribuir para melhorar o bem-estar durante o
período de transição.
Artigo Base:
STIVANIN,
S. C. B; VIZZOTTO, E. F.; PARIS, M; et al. (2019). Addition of oregano or green
tea extracts into the diet for Jersey cows in transition period. Feeding and
social behavior, intake and health status. Plant extracts for cows in the
transition period. Animal Feed Science and Tecnology, v. 257.
Demais referências:
DRACKLEY, J. K. et al. (1999). Biology of dairy
cows during the transition period: the final frontier. Journal of Dairy
Science, v. 82, n. 11, p. 2259–2273.
GARRO, C.J., MIAN, L., ROLDÁN, C.M., (2014).
Subclinical ketosis in dairy cows: prevalence and risk factors in grazing
production system. J. Anim. Physiol. Anim. Nutr. 98, 838–844.